quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Dostoievski e outros clássicos

Sempre tive talento para gostar do incomum. Quando criança chamavam-me “do contra”. Não que de fato eu só quisesse contrariar mas as pessoas às vezes preferiam dar rótulos a quem não fosse igual a elas.

Tinha e tenho meus gostos, independente da moda ou do que diz o “Fantástico” e assim também o era na literatura. Não saberia estimar o número de livros que já li. Muitos. Muitos mesmo. A maioria do tipo que ninguém em sã consciência se interessaria por livre e espontânea vontade [filósofos, sociólogos, lingüistas, psicólogos, juristas, religiosos, educadores, anarquistas...].

Por conta disso poucas vezes pude participar de rodas literárias ou eventos do gênero sob risco de apedrejamento. Minha leitura vasta, não-direcionada, tornava [torna até hoje] impossível discutir Shakespeare, Tolstoi ou Jane Austen. Cecília Meireles? Nunca li na vida! E ao falar sobre os livros de que gostava e não raro ouvia um “o quê, heim?!” ou um simplório “putz! que assunto mais chato!”. Exceções eram o Machado, que ‘todos’ conhecem o nome, e o Drummond, que ‘muitos’ conhecem a obra.

Visando amenizar um pouco desse problema no início de 2008 decidi aprender mais sobre os grandes gênios da literatura e em parte das horas vagas dediquei-me a esse ofício.

Aos poucos fui comprando um livro aqui e outro ali. Tudo bem que vez ou outra escorregava em meus propósitos, porque apesar de ser meu gênero favorito ninguém vive só de romance [pelo menos não eu!].

Não sei se preciso dizer o quanto sou crítica, mas lendo Dostoievski, um dos autores cujas obras ainda desconhecia foi impossível não fazer eco aos elogios - e logo eu que sempre tive receio de ecos por não deixar clara a intenção e origem das vozes... Irônico, não?

De clássico em clássico estou expandindo os conhecimentos sobre esse mundo tão vasto e complexo que é o literário. Sinto que preciso aprender mais sobre os grandes autores, às vezes até penso em voltar à faculdade e cursar letras! Mas então a realidade cai sobre minha cabeça como um balde de água fria...

- ACORDA, Menina! Você precisa trabalhar, dar um futuro ao seu filho, ganhar dinheiro!

Ops! Atrasada de novo... [esse negócio de ficar sonhando é foda!].

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O efêmero

Desde muito novo Aurora acostumara seu filho a dormir em seu próprio quarto com alguns brinquedos. Lera em uma revista que oferecer às crianças bonecos como companhia ao sono é um excelente estímulo à independência emocional. Só tomava o cuidado de não repetir sempre os mesmos, para evitar costumes incômodos, por isso vez em quando revezava entre carrinhos, ursos e bonecos. No mais, a rotina à hora do sono pouco variava [quase] todo santo dia:

- Posso dormir com os carrinhos de hot wheels, mãe?

- Sim. Quais?

- O verde e o azul... – o menino respondeu bocejando - posso dormir com a pista também?

- A pista não.

- Vou poder brincar com a pista quando acordar?

- Amanhã de manhã, querido. Mas agora é hora de dormir. – Aurora deu quatro beijos no filho, um em cada extremidade do rosto como se fossem pontos cardeais - boa noite!

[...]


Então veio o Natal:

- Mãe! Pai! Posso dormir com meu carro vermelho de controle remoto super novo?

- É claro! Só nos deixe fazer uma coisinha antes... – disse o pai enquanto Aurora cuidadosamente retirava as pilhas do brinquedo, guardando-as na gaveta. Cobriu o menino, deu-lhe um beijo carinhoso na testa e sentou-se à cama.

- Espero que tenha gostado do seu Natal.

- Adorei!

- E da festa?

O menino acenou afirmativamente com um largo sorriso na boca e os olhos brilhando de excitação enquanto admirava o novo brinquedo. A mãe, percebendo o entusiasmo, perguntou:

- Papai Noel acertou no presente?

- SIIIIM! - alteou a voz ainda agitado. A mãe sorriu. Ali estava sua recompensa por ter assumido tantas prestações, afinal tal brinquedo não fora nem um pouco barato.

- Boa noite, querido. Seus pais te amam muito!

- Também amo vocês!

Ambos, pai e mãe, deram mais um beijo no pequeno, depois em seu nariz, e fizeram menção de levantar da beirada.

- Mãe? Pai? - o menino segurou-lhes a mão.

- Diga, filhote!

- Fale, meu anjo!

- Posso brincar com o carro quando acordar?

- É claro!

- Com certeza!

- Eu nem queria dormir hoje de tanto que gostei dele. Queria só ficar brincando!

- Nada disso! Todos nós precisamos descansar. Boa noite!

- Terá tempo de sobra pra isso amanhã. Boa noite!

No dia seguinte chegaram os tios e os outros avós - todos para ver o garoto - e cada um dos que apareciam em visita trazia um novo brinquedo para dá-lo.

[...]

- Mãe, deixe-me dormir com todos os presentes de Natal?

- Todos não. Terá que escolher somente dois.

- Pode ser o boneco-lutador que lança raios?

- Sim. E tem direito a mais um – Aurora, presumindo que escolheria o carro vermelho de controle remoto, adiantou-se e estendeu o brinquedo.

- Não... queria dormir com o quebra-cabeças, aquele que o vovô me deu...

- Se dormir com o quebra-cabeças pode estragar e perder as peças.

- Tá... - concordou contra a vontade - Fico só com o boneco!

[...]

Durante todo o dia seguinte o menino não se distanciou nem um só segundo dos novos brinquedos. Até para o banheiro os levava. Foi preciso muita perseverança para explicá-lo que o carro vermelho teria uma pane caso alguém o submergisse na banheira, mas a química, com suas ferrugens e curto-circuitos, era assunto complexo demais para um menino tão pequeno.

Então, depois das festas:

- Mãe, pode pegar um brinquedo para eu dormir?

Ela buscou nas prateleiras o boneco-lutador e o ofereceu.

- Não, esse não!

- Quer aquele com controle remoto?

- Não, né, mãe? - disse impaciente, como se estivesse explicando a coisa mais óbvia do universo - Eu brinquei o dia inteiro com ele...

- Qual você escolhe então, rapazinho?

O menino apontou para a gaveta mais alta da cômoda. Aurora, vendo o que havia dentro, sorriu, como se já esperasse.

- Qual deles?

- O verde e o azul...

Aurora beijou-lhe com um sorriso enviesado. Sequer havia pago a primeira parcela do carrinho e o menino já havia cansado dele.

- Mas nada de pista, heim?

domingo, 21 de dezembro de 2008

O lado vazio da lógica

Adoro matemática, apesar disso jamais tive interesse pelo ramo de exatas ou engenharia. Não pela complexidade de teoremas e cálculos, pelo contrário! O que mais me encanta na matemática é a linguagem, a sintetização em fórmulas daquele que é um pensamento universal através de algarismos e símbolos [tal qual na escrita, com suas letras e pontos...].

Para mim o problema da lógica está nos números [não têm história] e não na conta. Mais precisamente nos zeros à direita, ou no que eles representam.

Explicarei melhor: quando era só a minha mãe a vir a este espaço, ter 1 leitor tinha toda significação do universo... então os números foram crescendo: tios, primos, amigos, comecei a divulgar o facetas para 'desconhecidos' e num piscar de olhos chegamos a 100 leitores [e cem, que não é tanto assim para um blog, já tornava difícil enumerar todos os visitantes!]. Rapidamente as somas foram aumentando, tomando vulto.

Hoje, quando vejo 6.100 leituras, não posso deixar de me sentir feliz. Tantos leitores assíduos me dizem que algo nestas facetas agrada a quem vem aqui. Esses números também me fazem lembrar que não vieram de graça, fiquei muito tempo interagindo com outros blogues e fazendo divulgações.

Por outro lado, não posso ignorar a constatação de que tais números, apesar de serem um termômetro favorável à minha literatura, me incomodam por sua frieza.

Os números, por si só, são vazios, rígidos, impessoais. É por isso que faço lembrar dos Erich's, Ana's, Márcio's, Luís'es, Alex's, Marcelo's, Alexia's, Gizelli's, Wander's, Guilherme's, Letícia's, Danilo's, Marcos, Cleidemar's, André's, Euzer's, Jaque's, Jonatha's, Karina's, Carlinho's, Erica's, Thiago's, Karla's, Rafa's, Rosângela's, Frank's... São tantos outros nomes, tantas diferentes histórias...

A gente aprende na escola que os números vão de 1 ao infinito mas percebo, como ensinou Einstein, que esse 'infinito' é relativo, limitado. [Com todo respeito aos amantes da lógica] mas 4 algarismos apenas, apesar da grandiosa idéia de quantidade que demonstram, jamais traduzirão a intensidade e gentileza, participação e importância de todos os visitantes na construção deste espaço.

Esse é o limite da matemática, do raciocínio lógico... Acho que foi por isso que preferi rumar para o mundo das palavras [26 letrinhas apenas! Mas a variedade de combinações, sentidos e possibilidades - essas sim - são indubitavalmente incontáveis!].

Muito obrigada a todos os que passaram por aqui, comentando ou não, e ajudaram a construir a história deste blog! Obrigada aos que riram, se emocionaram, choraram, divergiram... Obrigada, principalmente, àqueles que criticaram meus textos, me fizeram crescer e aperfeiçoar a escrita para que este lugar ficasse agradável a muitos outros que viessem [e vieram!] a aportar nestes mares.

Parabéns a todos nós, já que este é e sempre foi um espaço de aprendizado!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Divindade

Idéia surgida ao comentar no blog prolixo lacônico há muuuuito tempo atrás
(agora só prolixo, mas já me afeiçoei ao antigo nome
fiquei com essa idéia anotada para quando eu estivesse sem inspiração
e, bem... não vejo momento mais propício do que este



Acho que o homem sempre busca aquilo que "é mais" do que ele mesmo. Muitos que conheço tendem a divinizar o homem inteiro por causa de uma, apenas uma, atitide louvável do mesmo. E aí caem do cavalo, mas o cair do cavalo nada mais é do que descobrir que tal gênio, apesar de sê-lo, permanece tão humano quanto qualquer outro.

Tudo bem que existiram Platão, Gandhi, Da Vinci, Bethoven, Einsten, Nietzsche...

Mas cá entre nós: quantos deles pegam ônibus com vocês? Não que nossos colegas de condução não tenham lá suas qualidades... Mas quantos vizinhos músicos são 'Bethoveen'? Quantos professores são 'Einstein'? Quantos moralistas revoltados são 'Nietzsche'? Quantos artistas são 'Da Vinci'? Quantos libertários são 'Gandhi'? Quantos pretensos filósofos são 'Platão'?

Estou cansada de ver sempre mais do mesmo!

Não busco ser Deus [como diz o hit do momento: "cada um no seu quadrado"], mas jamais serei feliz sendo apenas mais uma a nascer e morrer. Jamais serei completa fazendo aquilo que alguém determinou para mim. Preciso me reiventar a todo instante. Praticar minha imperfeição como se fosse uma dádiva. Redescobrir o sentido de tudo, de todos, de mim [inclusive deste blog, rs].



******

Há um tempo tudo o que eu queria era que o facetas tivesse um grande número de visitações. Fiz de tudo para alcançar o meu objetivo. Mas hoje, beirando as 6.000 leituras novamente constato que os números, quando traduzem uma grande quantidade, tornam quase tudo impessoal...

É por isso que ainda prefiro os pronomes!

[30/09/2008 ]-[13/12/2008]

Selo Blog Show!

Recebi este selo do Kadan, do blog homenzinho de barba mal feita. Fiquei super feliz com a dedicatória escrita por ele. Não tenho como agradecê-lo por tanta gentileza!





Agora tenho que indicar um blog para receber o selo também... Vocês já sabem da minha política de não repetir indicados...

Dessa vez inovarei. Indicarei um blog não por seus dotes lingüísticos ou literários, mas pela beleza de seus propósitos. Não deixem de visitar o nova córnea, que narra a rotina e as angústias de pessoas na fila de transplante. Com certeza não irão se arrepender!!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

"Gênio Indomável"

Esta é uma releitura da GI, do blog Gotas introspectivas,sobre o post Eu-lírico.
Ela teima em dizer que a junção do G com I é um diminutivo de Gizelli,
mas eu desconfio ser uma abreviação de Gênio Indomável.
Por que [convenhamos], a Gi é Genial!!!
OBS (da Ellen): para melhor entender a piada, sugiro ler primeiro o post Eu-lírico...


"Antes de mais nada, um aviso... Não estou comprando conselho ainda!

Eu, enquanto autora, sou uma boa arquiteta. Contudo, ainda gosto de me iludir ao pensar que meu blog tem alguma coisa que as sólidas paredes de concreto não tem: Alguma coisa de flexível, de literário. Sim, eu gosto de me iludir.

Tal qual a minha arquitetura, meu blog mostra frações de quem eu sou. Ou de quem eu gostaria de ser. Ou nada disso. Mas a cada dia, alguém só vê o que quer enxergar. E normalmente, não enxerga nada de mim, ao ponto de eu começar a pensar em abrir uma ótica... porque o que tem de gente no mundo que não enxerga um palmo à frente do nariz...

É aí que aparecem os comentários-conselhos! Todos tão longe das minhas palavras flexíveis ou das minhas paredes sólidas... Mas não se entristeçam, é sempre divertido ver que ninguém me entende perfeitamente. Pessoalmente, nem me pergunto mais onde eu errei. A minha pergunta é: Quando é que eu vou acertar em cheio!?



P.S.[ainda da GI]: Dizem que se conselho fosse bom, a gente vendia.
Bom, se fosse bom mesmo, já tinha anúncio até nas casas Bahia.
Essa é a sutil diferença entre ser um peixe ou não ser...
Contudo isso já é tema de poesia..."

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Eu-lírico

Antes de mais nada, um aviso... este blog não é um divã!

Eu, enquanto autora, sou uma artista. Visto, a cada texto, um personagem. Assumo, a cada assunto, um ponto de vista [não que só veja daquele ponto, mas pela liberdade de explorar as possibilidades de se ver].

Este blog mostra de mim as facetas. Não todas, apenas aquelas por cuja conveniência sou impelida a mostrar.

A cada texto reinvento, reescrevo, reencontro. Sou grata à literatura porque me permite viver as faces de um "eu" que não é meu, um outro, alguém... Meu eu [só que lírico].

Não desejo desapontar os que bondosamente fazem de minhas postagens mais uma oportunidade de distribuir conselhos mas torna-se inevitável pensar, sempre que recebo comentários do gênero, que ainda não tornei suficientemente claro que este blog é literário.

Onde foi que eu errei?

P.S.: os que ainda assim estão se coçando para tentar me encorajar [um paliativo]
eu peço gentilmente que avaliem e critiquem a construção deste texto
para saber onde está a falha na transmissão da minha mensagem.
A sutil [e sublime] diferença entre dar o peixe e ensinar a pescar...

sábado, 29 de novembro de 2008

Vejo muito de mim no meu filho

Lembro-me de quando entendi pela primeira vez o significado das letras do meu nome e o porquê de serem escritas exatamente naquela ordem. A experiência da leitura trouxe um mundo novo para mim. Eu tinha cinco anos, mas guardo viva até hoje a excitação, a euforia, por conseguir conectar-me à existência de um mundo de significados milenar.

Como aluna sempre fui ótima: nota dez, c.d.f., aluna-exemplo. Minha maior dificuldade não eram as matérias e sim o horário, afinal acordar cedo e andar debaixo de sol nunca foram meus hobbies prediletos.

No primário fui a terceira melhor aluna, com direito a homenagens. No ginásio, a segunda melhor, e recebi até medalha. Formei-me no ensino médio como a número um do colégio; mas então, ironicamente, isso já não fazia diferença para mim.

Minha prima, uma série acima da minha, só aprendia matemática comigo. Não sei explicar como eu conseguia fazer aquilo, mas bastava eu ler o livro dela, olhar os exemplos e pronto! Toda a complicação da lógica, da física ou de qualquer outra disciplina tornava-se simples na minha cabeça! Eu não só era capaz de aprender sozinha matérias de séries mais adiantadas [mesmo sem tê-las estudado na escola] como também era capaz de fazer qualquer um entender a matéria que fosse!

A faculdade? Pública! Passei na primeira tentativa sem ter feito pré-vestibular em uma época em que ainda não se falavam em cotas. Repetência? Só por falta! Mesmo assim no estágio e em virtude da correria com os preparativos para o casamento.

Por mais que muitos de vocês me digam que este currículo é o máximo, eu na maioria das vezes me sentia um E.T. afastado de sua terra-natal. A situação que mais clara e duramente explicitou isso foi certa vez em que, na adolescência, estávamos os jovens reunidos na praça local como sempre fazíamos aos finais de semana. Eu, que sempre tive uma queda por gramática e linguagem, fazia - por opção - o uso do português correto em todas as suas ênclises, plurais e regências.

Falava assim não para me mostrar. Falava certo porque gostava, porque estava na regra e àquela época - ingênua - eu ainda acreditava que toda regra era para ser seguida.

Mas então, à certa altura, aconteceu de eu chegar na roda de conversa e um senhor que debatia entusiasticamente se calar. Aconteceu com ele, depois com outros. Logo descobri que as pessoas, diante do meu modo de falar, sentiam vergonha de seus vocabulários.

Nenhum de vocês poderá entender o que perceber isso significou para mim. Foi ali que descobri o real sentido da palavra c-o-m-u-n-i-c-a-ç-ã-o. Ironicamente, para me comunicar as gírias tinham que fazer parte do meu linguajar.

Carreguei, desde que me entendo por gente, o estigma de “inteligente”. A Ellen, diziam quase todos, vai chegar longe! E por me sentir um E.T. perdido na terra quase sempre eu tinha vergonha de contar os meus êxitos. Somente quem já viveu como o centro das atenções sabe dar o devido valor à discrição. Era o meu caso. Vestibular, concurso público... a cada aprovação uma sensação de receio, parecia a confirmação de que eu não viera deste planeta, sentia-me ilhada...

Hoje, quando vejo as peripécias do meu filho, tão novo, tão surpreendentemente inteligente, uma perspicácia quase anormal para sua idade, o filme da minha vida passa inteiriço pela minha cabeça.

Vejo muito de mim no meu filho... em alguns momentos vejo repetir nos outros a mesma falta de estrutura para lidar com tal situação. Só espero que eu, por ter sentido na pele essa experiência, possa convencer a mim mesma que inteligência não é um defeito, porque por anos a fio tive a impressão de que todo aquele isolamento era uma forma sutil e incoerente de ser castigada. Hoje entendo que não, afinal a história da humanidade não termina em mim.

Vejo muito de mim no meu filho...
Talvez por isso eu consiga no futuro melhor orientá-lo.

Recebi o selo do prêmio Dardos do blog Paranóia e Lucidez. Agradeço ao A'ZaF por mais essa gentileza...


Apesar das regras deste selo, peço licença ao A'ZaF para indicar somente um blog por causa da minha política de não repetir indicados, o que seria impossível se eu tivesse que indicar quinze.

Bem, depois de ler o post "Veleiro" minha indicação vai para o Carlinhos Horta, do blog Escondidin. Parabéns, Carlinhos!

02/12/2008

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A direção da bússola

Esse texto não diz respeito a mim
[embora no fundo diga respeito a todos nós],
é dedicado a uma pessoa muito querida, sensível, corajosa,
que enfrentou o céu e a terra pelo direito de escolher.


Sou julgada por valores que não são meus. As métricas que me avaliam distorcem o que me cerca. Qualidades? Viram defeito! Os defeitos? Viram tragédia.

Onde quer que eu vá há um molde me esperando. Um rótulo, um gênio, que em vez de lustrar sua própria lâmpada traça planos infalíveis para fazer brilhar a minha. São vozes sem timbre, rostos sem face. Qualquer tipo de lei não-democrática, eleita pela vontade de um só mas se achando no direito de reger o mundo. Gritam diretrizes, recomendações. São frases, silêncios: reprovações!

Tentam me esculpir, como seu eu fosse efêmera, obra inerte e inacabada à procura do grande mestre [como se eu precisasse de finalização]. Como se TODOS, além de mim, fossem mestres [como se todos os mestres fossem eu]. Fabricam mapas para traçar o meu caminho, como se toda bússola não apontasse para o norte, como se todo umbigo não apontasse para o dono...

Qualquer um tem solução para os meu problemas e a maioria vê problema onde não tem. Se aplicassem em si mesmos todas as fórmulas que me ditam quem sabe disfarçariam melhor a impressão de que não passam de rudes infelizes ditando instruções engessadas de felicidade.

Enquanto isso, eu vivo! Vitórias ou fracassos? Não importa! Sigo o meu trajeto, o meu instinto. Às vezes abrindo trilhas, outras vezes só indo adiante... Se os frutos serão doces ou amargos não faz diferença. Onde quer que eu os prove terei a certeza de que a paisagem ao fundo não é não é cenário! Ajudei a pintá-la com as cores de que gosto: fui eu que a escolhi para mim!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Falsas intimidades

Estava eu a comentar a postagem "Território inexplorado",
da Cíntia Carvalho, blog
Palavra feia,
a respeito da dificuldade de uma autora de falar de si mesma.
Me identifiquei com parte do texto. Eis uma adaptação do que saiu no comentário:


Perdi a conta do número de postagens pessoais que cheguei a começar mas acabaram esquecidas no canto da agenda, sem contar os pensamentos intimistas que nunca se transformaram em paráfragos. Há um, especificamente, cujo título se aproximaria de "vejo muito de mim no meu filho", que seria antes de mais nada um alerta aos pais e adultos para a valorização/incentivo das habilidades de suas crianças.

Penso que talvez seria útil eu publicá-lo, quase educativo. Tento fazê-lo há meses, mas não consigo. Todo o pensamento está estruturado e pronto mas a idéia de exposição, seja de que modo for, me limita.

Ao contrário do que sugere a postagem da Cíntia Carvalho no blog citado, essa dificuldade em falar de mim mesma não se motiva por não saber quem sou. Penso e reflito sobre mim a todo instante, todo o tempo. Conheço-me como ninguém, mas não sei falar de mim. Não sei, nem gosto! É pessoal demais e uma das coisas que mais prezo é a minha individualidade.

Não sou como os outros. Foi um parto para eu conseguir postar meus textos no blog [a Gi teve que usar muita lábia para conseguir me convencer a fazê-lo, rs - hoje em dia eu agradeço muito, muito, muito a ela!].

Falar de mim? Todo post a respeito que começo não termino. Se termino, não publico, se publico, me sinto invadida. A verdade é que ninguém vê o mundo pelos meus olhos e penso que não adianta expor minhas intimidades a quem vai simplesmente julgá-las em vez de tentar entendê-las. Ou tentar entendê-las a partir de seus próprios significados, sem jamais ter conhecido absolutamente nada de mim.

Seria como gritar 'eu te amo' em outro idioma: a mensagem é linda, mas se quem ouve não conhecer a língua, pode até supor o que significa, consultar o dicionário em sentidos generalizantes. Nada disso bastará, porque só eu mesma poderei conhecer a profundidade do amor em mim.

No fim, acho que é isso.
Um beijo para todos.
:*
P.S.: Alguns pedirão para eu postar logo o tal texto.
Peço-lhes que não me apressem.
Talvez eu seja como um fruto exposto no galho
que antes de poder provar o seu doce
é preciso permitir que amadureça sozinho.
Permitam-me amadurecer e eu mostrarei os meus frutos.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Desculpe a INTROMISSÃO

Como já havia dito, meu pai adorou o post Liberdade à prestação.
Dias depois me enviou por email uma releitura daquela postagem em suas palavras...
achei fantástico! E ele me autorizou a publicar aqui.
Mantive o mesmo título do email
porém destaquei em letras menores os acréscimos que eu mesma fiz ao texto.
Se quiserem ler somente os pensamentos do meu pai, simplesmente deletem meus grifos.
[é a única liberdade que dou a vocês por enquanto, rsrs]
Sei não, acho que eu e meu pai formamos uma belíssima parceria!!

Meu mundo, no fundo, parece falso. Sou parte de um cenário que alguém montou para mim. O bairro onde moro, embora ótimo, não o planejei. Já existia antes de eu nascer como espaço destinado a pessoas como eu.

"'Pessoas como eu’? Pessoas que foram tiradas de algum lugar para serem livremente obrigados a morarem em um conjunto habitacional, onde só se vê gente por todos os lados. Gente sem perspectiva, sem esperança, sem trabalho, sem orgulho, sem transporte, sem diversão.

Pessoas como eu não existem para os governos. Pessoas como eu têm que viajar em ônibus atrasados, gozando da maravilha de se equilibrarem espremidas dentro de ônibus mal-conservados que enguiçam sempre.

Pessoas como eu têm a liberdade de só poderem seguir a única avenida que liga a zona oeste à cidade, por isso sempre engarrafada. Das seis às dez da manhã, das cincos às oito da noite o engarrafamento é certo e ninguém vê isso, nem PREFEITOS, nem GOVERNADORES e nem PRESIDENTES.

Gente como eu enxerga que os prefeitos e governadores, já ligaram a zona sul aos principais pontos de saída do Rio de Janeiro, através dos túneis Santa Bárbara e Rebouças, ligando a Ponte Rio Niterói, a linha vermelha, que por sinal liga ao Aeroporto Internacional, à Rod. Washington Luís e a Rod. Pres. Dutra. A Barra e o Recreio, também têm a linha, só a zona oeste não pode se ligar com nada, pois os prefeitos não querem.

Não vemos os prefeitos e governadores falando em ligar a zona oeste ao centro através da duplicação da Av. BRASIL, seja através de um corredor exclusivo para ônibus,
seja de qualquer outro modo mirabolante. Isso, gente como eu não ouve falar.

Gente como eu conhece centenas de pessoas que perderam seus empregos por chegarem atrasados devido a problemas de transporte e milhares de pessoas que não arrumam empregos por morarem onde moram. Vêem seus (nossos) filhos caminhando para o tráfico, caminhando para os bailes FUNKS, onde aprendem coisas que só deveriam aprender bem mais tarde, danças ERÓTICAS,
desrespeito ao sexo feminino [isso nem deveria ser ensinado!] e muitos palavrões bem pesados. Gente como eu está cansada de ver pessoas que perderam seus empregos, pessoas que não arrumam empregos, se envolvendo com o “TRÁFICO”.

E depois reclamam que há muitos bandidos. Dêem-lhes empregos e aí não haverá mais bandidos, dêem-lhes um bom transportes em vias livres, e não haverá mais bandidos.

Gente como EU só entram em estatísticas de crime. INFELIZMENTE.

Desculpe a INTROMISSÃO."

[re-]escrito por
EU, G. Rodrigues.
(meu paizito, que orgulho!!!)

[P.S.: eu, Ellen, particularmente acredito que a questão da bandidagem vá um pouco além da carência de empregos e transportes, falta de assistência e tudo o mais. Penso que apesar de grande mortandade a que ficam sujeitos seus integrantes, o real atrativo do tráfico, além da questão financeira em si, está direta e principalmente ligado ao ideário de poder, respeito e status - ainda que o tema me pareça bastante complexo para ser reduzido a esse módico jogo de palavras]


Selo 'não tem preço!'

Recebi o selo 'Não tem preço' do blog Morango com leite condensado. Agradeço ao Morango pelo reconhecimento e generosidade!! Muitíssimo obrigada!



Meu indicado desta vez é um blog que conheci há pouquíssimo tempo, mas tenho certeza de que no futuro seu autor será meu colega de profissão: Adivisions

domingo, 9 de novembro de 2008

Liberdade à prestação

Meu mundo, no fundo, parece falso. Sou parte de um cenário que alguém montou para mim. O bairro onde moro, embora ótimo, não o planejei. Já existia antes de eu nascer como espaço destinado a pessoas como eu.

Não desenhei meu sapato, carro, roupas. Não escolhi meu nome, chefe, aniversário. Não decidi a cor da minha pele ou se deveria chover segunda ou sábado. Muitos me dirão que escolhi outras coisas [não discordo], mas se não pude escolher tudo minha liberdade não é completa, é relativa.

Dentre as inúmeras escolhas que fiz, a maioria esteve condicionada ao extrato do banco. E assim como para os desesperados vende-se a fé eu consumo fajutos projetos de marketing destinado a projetos fajutos de pessoas [e o prazer está cada vez mais vinculado ao limite do cartão de crédito!]. Comprar não me satisfaz porque compro o que posso, nem sempre o que quero, e embora existam atividades que eu goste de fazer [faça por amor] nenhuma delas paga minhas contas.

O meu sonho é só meu. O meu talento é de quem o reconhece. Sinto-me como uma vírgula no meio da frase. Pequena pausa, mera interrupção entre o que já havia e o que virá (e não cabe a mim delinear a um nem ao outro).

A democracia como forma de governo não existe. E se existe, não perdura. É puro idealismo, ingenuidade de acreditar que todos os homens algum dia se tratarão como iguais.

A real liberdade? Em nossa sociedade capitalista a única que realmente existe é a financeira. O resto é mediocridade [ou ideologia].




P.S.: Recebi via e-mail o comentário do meu pai a respeito deste texto,
em suas palavras, a melhor postagem que leu no facetas,
disse que estou me superando a cada dia!!
Fiquei super contente com os elogios!!
Quem não conhece a timidez do meu pai
não saberá o quanto esse gesto foi um marco para ele.
Quem não conhece a inteligência daquele homem não saberá
o quanto tal elogio foi importante para mim.
Muitíssimo obrigada, pai! [também neste espaço seus conselhos me farão crescer!!!]
Um beijo grande!!

sábado, 8 de novembro de 2008

Pronomes Possessivos

Não, não vos enganeis!
Este não é um blog de poesias!
Eu, Ellen Regina, sou romancista,
mas como minhas facetas são completamente instáveis,
às vezes saco uma poesia da cartola.
Não sou poetisa, não vos enganeis!
apenas aprecio [e muito] brincar com as palavras...

A pressa,
quando minha,
é mais apressada.

A dor,
quando minha,
machuca mais.

O desespero,
se meu,
mais angustiante.

A fé,
se minha,
remove montanhas mais altas.

A razão,
se minha,
mais óbvia.

A necessidade,
se minha,
mais urgente.

A verdade,
se minha,
mais correta.

As mentiras,
se minhas,
mais honestas.

A bondade,
se minha,
mais humana.

A maldade,
se minha,
mais justa.

A justiça,
se minha,
mais igualitária.

As virtudes,
se minhas,
mais admiráveis.

Os defeitos,
se meus,
mais compreensíveis.

As fraquezas,
se minhas,
mais suportáveis.

O meu, comigo.
O seu, consigo.

EU + algo = MEU
MEU – EU = seu
MEU + seu = NOSSO
NOSSO – MEU = vosso.

Talvez o vosso pareça nada
porque no fundo é a ausência do MEU.

03/09/2008,

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

As coisas como são...

A palavra exprimia a coisa. E era um tempo onde tudo tinha um nome. Tempo remoto, quase místico, em que não havia distinção entre as expressões e o que elas significavam e cada coisa era conhecida por um nome diferente, singular.

Não, não é um mito, tampouco crendices do folclore. Esse tempo realmente existiu! O tempo em que as palavras serviam para dizer algo e havia uma vastidão de possibilidades. O vocabulário era extenso, imenso, infindável. E escrever parecia uma arte porque contemplava a combinação de letras, sons e sentidos e para escolher os termos certos era preciso uma seleção rigorosa, um ajuste do que estava sendo dito ao que se estava tentando dizer. Tudo era milimetricamente calculado, revisto, pensado.

Mas, devido à correria do dia-a-dia, em nome da otimização de resultados (falava-se bastante em automação robótica à época) muitos introduziram em seu linguajar um termo curinga, polivalente, generalizante, que significava um pouco de tudo, e ao mesmo tempo, nada. Foi então que em vez da palavra definir a coisa, a coisa passou a substituir as palavras. Tsc, tsc, tsc, nunca mais os gramáticos dormiram em paz...


P.S.: eu agradeço à GI pelas dicas na revisão desta coisa que antigamente chamávamos texto! Valeu, Gi!

O facetas recebeu outro selo Prêmio Dardos! Dessa vez a gentileza veio do Douglas, do blog Proud Brasil.

Douglas, eu agradeço, de coração pela indicação! É extremamente gratificante receber de outros blogueiros o reconhecimento pelo meu trabalho! Muitíssimo obrigada!!!




Embora eu saiba bem as regras deste selo reservo-me o direito de não repassá-lo a 15 pessoas! Tenho adotado por aqui a política de não repetir indicados e preencher uma lista de quinze só para dizer que estou preenchendo não faz muito o meu perfil...

Indicarei só um blog, o Fogo das Letras, para receber este selo. Hoje eu li uma postagem lá, de nome 'Encruzilhada', que me deixou boquiaberta pela qualidade. [que o Fogo das Letras não se deixe influenciar por mim se quiser manter a tradição de repassar este selo para o número correto de blogues!]

Um grande beijo para todos!
Ellen Regina.
10/10/2008

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Hoje eu recebi do querido Wander Veroni, do blog café com notícias, um selo criado pelo próprio Wander para homenagear os blogueiros de que gosta. Felizmente o facetas foi um deles!



Agradeço muuuuito ao Wander. É uma honra tremenda receber selos de tantos blogueiros respeitados!

Continuando minha política de não repetir indicados, a escolhida para receber este selo é a Alexia, do blog Pequena Aprendiz, porque os textos da Alexia me inspiram, eu saio de lá com uma pulga atrás da orelha e zilhões de palavras fervilhando na mente.

Beijos, querida. Parabéns!!!


03/11/2008

Mercado livre

Quanto vale o seu afeto?
Quanto valem as emoções?
Quem dá mais?
Dê seu preço!
Quanto vale a comunhão?

Quantas festas!
companhia
Quantas contas!
solidão
Quanto vale?
Quantos vendem
meu apreço em um leilão?

A ausência
cobranças!
o amigo
distâncias!
o almoço
as cifras!
o presente
importâncias!

Quanto vale?
Quanto vício!
self-service de intenções
virtude
vontade
vanglória
vantagem

Quanto vale a companhia?
afeição indeclinável
sincera
espontânea
impagável?

Mercado
[quanto vale?]
livre
[quanto custa?]
espetáculo
[quantos vendem?]
capital


29/10/2008

ISO 9001

Além do selo MELHORES 2008, a Alexia, do Blog Pequena Aprendiz, indicou o facetas para receber mais três selos, simultaneamente. Agradeço muito à Alexia pelas indicações e pelo carinho dedicado a mim e ao facetas. Muuuitíssimo obrigada!!!

Meus indicados são:

- Blog do Marcos, Euforia Melancólica
- Blog do Thomaz Ribeiro, O canto do conto
- Blog do Márcio Sarge

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Selo melhores 2008



Recebi cinco selos MELHORES 2008 dos amigos blogueiros:
- Letícia, do blog Festa das cores,
- Ana Lúcia Nicolau, advogada de blog homônimo
- Márcio Ribeiro, do blog Com idéias e ideais
- Erich, do blog 30 e poucos anos.
- Alexia, do blog Pequena aprendiz.

Agradeço a todos pela indicação, amizade, a boa vontade com que lêem e comentam os textos que produzo.

Muitíssimo obrigada!!!!


Meus indicados como melhores de 2008 são:

* Gotas introspectivas [embora a Gi prefira não aceitar selos]
* 30 e poucos anos, do Erich
* Devanear, do Luís Bueno
* Gomiblog
* Verbos de ligação, do Rafael Bardo
* Café com notícias, do Wander Veroni

Sempre busco não repetir os indicados para prestar minha homenagens ao maior número de blogueiros aos quais aprecio... Desta vez repeti alguns, mas foi para ser justa. Os blogueiros aos quais já indiquei outros selos, saibam que continuam fazendo parte desta lista...

sábado, 18 de outubro de 2008

As incertezas do destino

A idéia de que tudo, no fim, dará certo, é só uma idéia, um conforto mental.
A reciprocidade entre sacrifício e recompensa é ilusória, vontade deliberada [e só minha] em acreditar não sei em quê
[talvez no futuro, talvez no amanhã – como se o futuro tivesse obrigação de recompensar o esforço a quem luta. Como se o amanhã, por pura bondade, concentrasse a promessa de realização de todo aquele que sonha].

Pensar que a ansiedade e a angústia não foram [nem serão] em vão é reconfortante. Imaginar a obrigação do destino em ser favorável a quem se esforça é estimulante. No entanto, sendo essa só uma idéia, o que me prende a ela? [logo eu que não sou dada a prisões?].

Logo eu, tão realista, imediatista, brincando de acreditar na força da crença... Logo eu, tão inconstante, repousando nesta certeza inédita, mas não inesperada. Porque há uma paixão em mim que me move, um estímulo latente, ardente, como um sopro de vida. A força motriz que me renova e impulsiona.

As palavras! Ah, as palavras... e muito além delas o expressar...
Co-municar. Signos e significados. Senso e sentidos expressos em letrinhas.

Não sei se acredito no destino, não sei se acredito no esforço [não há contrato nem garantias...], mas se tento, se insisto [apesar de todo imediatismo], se me obrigo a acreditar no amanhã – não se iludam – é mera resistência minha e do meu eu em continuar traduzindo a mim e ao mundo. Uma tentativa de fazer fluir à vontade que jorra. Um esforço, talvez em vão, de me tornar, no futuro, um ser [apesar de] humano um pouco menos medíocre.



Devo-lhes uma explicação:
no dia 15 de outubro completou um ano desde que finalizei o meu primeiro romance,
de lá pra cá, apesar de ainda não ter conseguido publicá-lo,
sigo me iludindo, brincando de acreditar no futuro,
tentando convencer a mim mesma de que tenho algum talento
ou que todo o meu esforço culminará na minha obra publicada.
Essa é a minha [talvez vã] esperança,
365 dias já se foram, quantos mais terei nessa agonia incerta?
nessa incerteza agonizante?...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Parceria com o blog 30 e poucos anos!!!

Ontem fui convidada pelo Erich para escrever um texto sobre 'saudade' para o blog 30 e poucos anos... Fiquei muuuuito lisonjeada com o convite, o desafio apresentado por ele ultrapassava o que eu estava acostumada, seria meu primeiro texto 'encomendado', fruto de um tema específico e não da dita 'inspiração'...

Ao mostrá-lo o texto pronto, intitulado "A incompletude do homem", sua empolgação foi tão cortante, tão sincera, que não resisti... [não sou mulher do tipo emotiva, nunca fui] Para minha própria surpresa ficou impossível controlar as incontáveis gotas teimosas que insistiram em inundar em meu rosto...

Ainda não sei explicar exatamente o que aconteceu. Apesar de já ter vivido inúmeros episódios marcantes eu nunca [que me lembre!] havia chorado de contentamento... Foi uma sensação estranha, de alívio e ao mesmo tempo, uma renovação na minha esperança.

Eu, que nunca soubera o gosto das lágrimas de felicidade, agora que sei, não posso defini-las com exatidão! A satisfação do Erich em ler meu texto lavou a minha alma, meu rosto e minha insegurança! No fundo eu sei que não passou de um golpe da minha própria expectativa... Estou lutando há tanto tempo para ser reconhecida como escritora que talvez tenha depositado dúvidas pessoais a respeito do meu próprio talento sob os ombros de amigos tão gentis... Um juízo falso, eu sei, uma transferência de responsabilidade, porque por mais que eu me esforce em melhorar, tais indagações, tão íntimas e imprecisas, só o tempo, com toda sua sabedoria, será capaz de responder nas palavras certas...


para ler "A incompletude do homem" no blog do Erich, clique aqui.

09/10/2008



domingo, 12 de outubro de 2008

Crianças...

O que há de tão mágico no dia das crianças? Se correm, dançam, pulam, comem, jogam, brincam, caem, saltam, brigam [como sempre!], a mesma queda, briga e dança de todo dia, as mesmas crianças, que choram, implicam e disputam por brinquedos [como sempre!]. Mesmo assim há uma magia que não está nos doces, nem nos brinquedos, nem nos presentes... tampouco a proximidade, por si só, de seres tão alegres e inocentes parece ser a causa desse encanto... a mágica está além do corre-corre, do pula-pula, do sobe-e-desce...


Em nós, os pais, fica a lembrança de uma época em que éramos nós a correr e pular. Bate um saudosismo, um pensamento reconfortante de que a infância, pela ausência de contas e extratos, foi o período mais doce em que vivemos e os pais buscando afastar ainda mais os pequenos dessa realidade ‘responsável’, posterior e inevitável [como protetores que são], se reúnem em intensas festividades recheadas de mimos e agrados...


E apesar da magia do dia-a-dia vir da alegria das crianças que nos cercam, a magia do "dia" das crianças, ao contrário, [só agora entendo...] vem da disposição simultânea dos adultos em alegrá-las...


Tal simultaneidade cria um clima tão sereno, tão agradável, que faz parecer que a inocência daqueles que brincam será capaz de combater esse absurdo selvagem que desfila diante de nos nossos olhos...


P.S.: como é diferente acompanhar de perto um dia das crianças,
agora, sob a ótica do adulto...

12/10/2008


O pedestal da solidão

[esse texto não é extamente novo... já estava publicado neste blog,
aliás foi um dos primeiros, porém quase não recebeu comentários porque esteve perdido no meio de outras postagens...
resolvi up'á-lo' por enquanto, por que minha inspiração saiu para passear
e acabou se perdendo no caminho...]

Nunca me senti à vontade em aniversários e festas comemorativas do gênero, apesar da agradável presença de amigos e entes muito queridos. Na lógica irônica da vida, a proximidade de pessoas tão queridas põe em evidência minha solidão.


A solidão em seu pedestal é uma tirana.
A solidão em seu pedestal preenche-me de seu vazio sincero
e (quando conseguimos compreendê-lo) sábio.
A solidão em seu pedestal às vezes me aborrece.

Não que eu não deseje desejá-la, embora invariavelmente o faça.
Mas a alegre presença de amigos e entes queridos põe em evidência minha solidão
quando desejo ficar eternamente na companhia daqueles que, eu sei, só vieram para o jantar.

Só recentemente pude compreender a intensidade disso.
Foi o princípio de um reencontro.
Enfim restaurei minha paz...




19/08/08


sábado, 11 de outubro de 2008

Facetas que não são minhas... mas poderiam, facilmente ser...

poucas pessoas me traduzem,
e algumas o fazem de um modo como nem eu mesma sou capaz,
são raríssimas, é verdade, mas todas elas, intensas!

[deixo vocês com Vander Lee agora...
não há o que explicar, basta assistir ao vídeo até o final]




Essa é a "Alma nua" do Vander Lee...
e também a 'minha' alma, minha oração, meu ponto de partida e minha vontade de chegada

[para ler a letra, clique aqui]

14/10/2008 P.S.: Não carrega direito com o Chrome

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Blog de Ouro

Acabei de receber uma indicações para o selo "Blog de ouro", do Erich, do blog 30 e poucos anos. Erich, já estão me faltando palavras para agradecê-lo por tantas demonstrações de apreço ao que escrevo... Agradeço, além de tudo, por mais essa indicação...

Os meus indicados, tentarei diversificá-los, indicando blogs que conheci recentemente:

Wander Veroni - blog Café com notícias,

Mariana - blog Histórias de vida, histórias contadas,

e ao Erich, é claro, porque além do 30 e poucos anos ser um blog de ouro, o Erich é um ser humano de ouro!!!


12/10/2008




segunda-feira, 6 de outubro de 2008

De quem eu sou?

[Há alguns dias atrás estava eu a comentar uma poesia no blog pequena aprendiz, cuja última frase terminava com "são essas coisas que me fazem tua"...]

Fiquei ruminando uma resposta, eis o que saiu:


Seria eu, sua? Não! Porque ser é inerente à existência e independe da vontade do indivíduo. Se o fosse não haveria vontade, nem personalidade. Eu seria um reflexo, como uma sombra, produto da física, que só existe em função do outro... E te amar seria narcisismo...

Te amo, mas não sou sua.

Sou minha, da alma que suspira dentro de mim. Sou minha e amo você, o que faz do nosso amor algo ainda mais belo! Porque no fim das contas, com tudo o que passamos, com tudo o que rimos e choramos juntos... após 12 anos de um relacionamento coeso, sem idas e vindas... permanecemos juntos porque viver ao seu lado me faz uma pessoa melhor a cada dia, superar o insuperável.

Te amo, com toda intensidade da minha alma, mas não sou sua. Porque, para mim, amar você é uma questão de desejo, de querer estar ao seu lado... minha opção, e não a falta dela. E te amar por escolha só faz revelar o quanto é sublime viver ao seu lado.

[ao meu grande amor, 
que neste momento dormita sem saber dessas doces palavras]

.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

As classes humanas (ou facetas de mim)

Para a minha mãe,
sou substantivo...
Para o meu ofício,
um advérbio...
No meu trabalho,
preposição...

Para a rotina,
um simples verbo...
Para os não-íntimos,
mero pronome!
Para os amigos,
eu sou o artigo...
Na minha família,
a conjunção...

P'ros inimigos,
adjetivos...
Nas instituições,
um numeral...
Para quem me adora,
interjeição!


Todos os filósofos da existência dedicaram-se a entender o sentido da vida e alguns morreram sem saber que não existe nem nunca existirá unidade no homem. Só o que existem são classes de palavras (e a possibilidade estonteante de atribuir sentido a nós mesmos diante de cada uma delas).


.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Estranha forma de pensar: um desabafo!

"A censura só é boa quando é 'nos' e 'para' o outros."


Se existe algo que não consigo entender [por favor me desculpem a ignorância!], é a real utilidade da moderação de comentários em blogs autorais. Quando da minha postagem "Re: o estardalhaço", grande parte dos comentários dizia nas entrelinhas: "eu blogo para divulgar/expressar minhas idéias livremente" [e pensamentos equivalentes].

Fica então estranho ver alguém que usa a net para se "libertar" [expressar seu pensamento sem censura] ficar moderando o que o outro pensa da sua própria idéia [cuidado com a ambigüidade]... É quase como se a única idéia válida no planeta fosse a do sujeito que está blogando, como se tal sujeito carregasse em si toda a verdade do universo e qualquer visão contrária ou divergente fosse antes de tudo, criminosa!

Pode ser que exista alguém com tal virtude, alguém impossível de criticar [o que geralmente não é o caso]. Mas então... se não quer ouvir a verdade por que sair de comunidade em comunidade em busca comentários? Por que forçar alguém a ser parcial? Parece que no final das contas certos blogueiros não querem comentários, querem aplausos!

Certo dia, estando a participar do tópico "comente no blog acima" fui a um blog de textos até engraçados, mas não muito bem pontuados e sem uma rígida correção ortográfica. O dono do blog dizia: "não leve em consideração os erros, comente só o que gostou". Contei até 100, respirei fundo, mas não agüentei... Toda a boa impressão, toda a idéia criativa do texto acabaram rolando por água a baixo. O problema não era o português... Nunca foi! Não fosse a restrição imposta eu teria comentado positivamente no blog, talvez até sugerido educadamente algumas modificações, mas o que inicialmente seria um elogio à criatividade transformou-se numa crítica à hipocrisia do auto-aplauso.

Sei lá, eu não consigo entender... Talvez porque, pelo contrário, eu goste de (até prefira!) ouvir críticas ao que faço, ao que produzo. Penso que o feedback é o melhor meio de aperfeiçoar minha criações. Estou começando agora nesse mundo de bloggers e também no literário. Seria prepotência da minha pensar que já sei de tudo, que não há nada a ser aperfeiçoado [e sejamos honestos, há ainda muitos detalhes a serem amadurecidos].

Então, desse modo, aproveito para me retratar com o Rafael Franco.
Não por mim, Rafael, mas visitar certos blogs me faz pensar que você tinha toda razão...

23/09/2008

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Mea culpa

[OBSERVAÇÃO: este é só um desabafo, uma explicação, não uma postagem para comentários!!!!]

Empolgada com as facilidades oferecidas pelo blog http://www.usuariocompulsivo.blogspot.com/ para antas como eu, decidi incluir mais uma coluna ao layout do facetas. Com sucesso, é verdade! Em compensação não sei como retirar a linha que agora divide incomodamente o miolo das postagens!

Eu sei, não entendo nada de código html, e acho que já foi uma vitória ter conseguido o meu propósito que era o de incluir a segunda coluna lateral. Se existe uma coisa que vocês ainda não sabem de mim é o seguinte: SOU PERFECCIONISTA! E isso, meus caros amigos, pode rapidamente se transformar em um grande problema, principalmente em casos como esse! Passei a manhã inteira tentando corrigir o layout e não consegui. Uma pena, pois tenho certeza de que se não corrigir a visualização dentro em breve ficarei tentada a voltar ao layout antigo (já disse, perfeccionismo é fogo!).

Me perdoem por expor todos vocês às minhas ridículas experiências, mas também é de mim sempre tentar melhorar.


um pequeno adendo:
após 24 horas quase ininiterruptas quebrando a cabeça
(e muito tradutor do google na veia) enfim eu consegui me livrar da tal linha!!!
não que esteja exatamente feio mas ainda não fiquei 100% satisfeita com o resultado.
um pouco de tempo e mais algumas tentativas talvez eu me dê por satisfeita
ou no fim, quem sabe, eu mande tudo para o espaço e volte ao meu rosa-barbie inicial,
porque ridículo por ridículo... bem... digamos que eu não veja muita diferença...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Prólogo: Boatos Apenas - parte I

trecho do livro: OS FILHOS DE EVA - O MISTÉRIO DO POMAR, para o qual estou buscando patrocínio para publicação] OBS.: Já registrado junto ao Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Municipal...

Se vc já leu o texto abaixo clique aqui para ver a continuação (ou role a página para comentar em outra postagem)

Boatos Apenas

A Terra-Mãe viveu sozinha por muitos séculos até que um dia Deus ficou entediado e resolveu dar a vida a dois bonequinhos de barro. Ao primeiro chamou Adão, responsável e trabalhador, e ao segundo, de aparência frágil e delicada, deu o nome de Eva.

– Ah, Eva! – suspirava Adão toda vez que a encontrava.

Mulher bonita, curiosa, não tardou a querer provar todas as frutas disponíveis no planeta e o resultado foi que uma bendita maçã dada por uma maldita serpente fez com que o casal fosse expulso do paraíso. Maçãs e serpentes à parte, Eva foi a responsável pela explosão demográfica do planeta.

Mas acontece que a terra-mãe não ficou nada satisfeita com a atenção agora dedicada àquela mulher, afinal Eva não era assim tãããããããããããão bonita. Ficou até feliz quando soube do terrível escândalo envolvendo os filhos de sua rival e fez questão de espalhar a notícia de que um dos meninos havia matado o outro por puríssima inveja.

Resolveu, então, demonstrar que poderia ser uma mãe mais eficiente e deu à luz a três filhos. A primeira a nascer foi a Água em um parto relativamente fácil. Dividindo-se em gotas atravessou várias camadas de solo até chegar à superfície. O maior grupo ocupou as enormes depressões e unido formou o oceano. O outro preferiu emergir do cume dos montes, eram mais aventureiros e viajavam morro abaixo levando vida por onde passava. Formavam os rios, lagos e lagoas e percorriam grandes distâncias para se unirem aos parentes no mar.

O segundo filho nasceu depois, meio que por acaso, em meio a uma brincadeira familiar. A Terra-Mãe quis mostrar à filha outros caminhos que não os da depressão ou o das alturas: caminho de si mesma. Sugou a Água do chão com um de seus muitos membros – as árvores – mas percebeu o quanto a filha se sentia solitária e fez nascer da parte mais verde de seus membros – com uma pequena colaboração da Água – o seu segundo filho, o Ar.

Viveram harmonicamente por um longo período até que por motivo ainda desconhecido houve um profundo desentendimento entre a Terra-Mãe e o Ar e por ocasião desse incidente nasceu o Fogo, imprevisível e de temperamento explosivo.

Enquanto os dois primeiros filhos eram serenos e espalhavam vida por onde passavam, o Fogo a destruía e o pior, sugava a energia do seu irmão mais velho a cada ataque de chamas que lançava.

A Água, filha afortunada, pouco sofria com as chamas que o Fogo expelia. O calor agia sobre suas moléculas, tornando-a invisível. Embora não fosse esse o real motivo da estranha "indulgência", alguém como o Fogo dificilmente concederia poder tão útil a quem quer que fosse, ainda que esse alguém fosse a própria irmã.

O que se seguiu foi uma guerra, o Fogo foi ficando mais ousado à medida que seu poder ia aumentando. Nem mesmo a Terra-Mãe era capaz de detê-lo. Seus planos ambiciosos incluíam o domínio sobre todo o território terrestre.

– Ou a senhora me entrega todos os continentes do planeta ou seu filho Ar morre.

A Terra-Mãe não cedeu de início, guardava um segredo muito antigo, que o caçula desconhecia, um detalhe sutil e fundamental na criação que evitaria um desastre familiar semelhante ao dos filhos de Eva.

Infelizmente o Fogo não quis saber de acordos. À medida que as Eras se passaram o Ar foi enfraquecendo, a energia vital se esvaindo dolorosamente, até que chegou a um ponto no qual a Terra-Mãe não teve escolha: ou cedia à chantagem ou o Ar, já tão rarefeito, morreria.

As terras do Norte foram cedidas, a contragosto, ao Fogo.

A Terra-Mãe, muito sábia, sabia que a paz não duraria mais do que algumas Eras, afinal o Fogo só havia conseguido a posse das terras do Norte: ele queria todas. Em uma tentativa de retardar ainda mais um novo confronto repartiu o restante das terras entre os outros filhos. O Ar ficou com a parte sul das terras do extremo Oeste, a Água ficou com a parte sul das terras do centro. Somente alguns fragmentos de terra do extremo-Leste continuaram sob a guarda da Terra-Mãe.

E para desespero da Terra-Mãe, o Fogo ficou profundamente encantado com a beleza monumental de Eva, que lhe gerou um filho a partir da mistura de seu próprio barro, uma fração de corrente de ar retirada da combustão de suas chamas e uma boa dose de água, assunto de posteriores brigas conjugais.



[CONTINUA...]
Interessado no final da história? clique aqui
04/01/2008

sábado, 20 de setembro de 2008

O homem por inteiro - continua...

trecho do conto: O HOMEM POR INTEIRO, com o qual participei de um concurso literário de abrangência Estadual [não ganhei nem o troféu abacaxi... mas tudo bem, tenho alergia a abacaxi mesmo...]


O homem por inteiro

A mãe era negra e pobre. O pai fora um homem casado que não assumiu a menina como dele. Arminda sempre quis viver com o pai. Nunca entendeu porque ele havia preferido a outra família. Pôs a culpa na mãe, na sua pobreza, na sua raça desacreditada socialmente. Humilhava a mãe por pequenos motivos, desfazia-se dela na frente de qualquer um.

Casou-se com um homem do mesmo biótipo do pai. Um homem rico, perdidamente apaixonado. Seu nome era Bueno. Arminda ficara fascinada com o amor daquele homem. Parecia a redenção pelo amor paterno que lhe fora negado desde a infância. Eram ambos muito apaixonados e felizes. Até que o marido entediou-se da vida puramente a dois e começou a pedir por um filho.

Arminda rejeitava veementemente a idéia. O casal começou a se desentender. Tiveram a primeira discussão séria em quatro anos. Ele a acusava de pensar só em si mesma. O marido cada vez ficava mais distante. Arminda, com medo de perder o amor de que tanto precisava cedeu. Nasceu Aparecida, a primeira filha do casal.

Não se parecia em nada com Arminda, que era morena muito clara. Nascera com todas características da mãe de Bueno, lembrava uma índia. Cada vez menos Arminda se identificava com a menina. Para piorar, o marido passou a dar mais atenção à filha, ou assim Arminda alegava. O grande medo, que ela carregava secretamente, era o de que estivesse destinada a perder o amor de seus homens por causa de outras mulheres. Não era bem uma causa pensada, Arminda era levada a pensar assim por causa dos dissabores da infância.

O marido desmentia, dizia que estava exagerando, que tais amores eram distintos um do outro. Ela não acreditava. Tinha cicatrizes profundas demais. Arminda seguiu misturando os papéis: do pai com o do marido, o papel atual de esposa com o da filha rejeitada que fora, da filha recém-nascida com a primeira esposa do pai. Arminda esqueceu-se, inclusive, de exercer seu papel de mãe.

Bueno buscou aconselhamento. Deram-lhe algumas terminologias, justificativas que o preocuparam.

– O nome é depressão pós-parto, disse-lhe um médico.

Bueno ficou apreensivo, o médico apresentou-lhe um folder com parecer explicativo: um número significativo de mulheres padeciam daquele mal.

– É passageiro, ele garantiu.

E Arminda recebeu a melhor assistência do país.

Depois ela alegou estar cansada.

– Ser mãe de recém-nascido é assim mesmo, diziam os amigos.

O marido então contratou duas babás que se revezavam entre os turnos do dia. Mas Aparecida demonstrou-se um ótimo bebê, daqueles que toda mãe deseja: nunca sentia cólica, quase nunca chorava e à noite dormia como um anjinho.

Arminda distanciou-se tanto da filha que já não havia mais o que dizer contra ela. Resolveu então reclamar do marido. Acusou-o de fingir brincar com Aparecida para flertar com as babás.

Foi um suplício. Bueno jurou que não, fez-lhe todas as vontades, presenteou-a com os mais caros objetos. Então, como fruto do novo clima de romance, Arminda engravidou de novo.

– Uma tragédia, disse.

– Uma maravilha! – Bueno comemorou.

Mas o destino estava de mau-humor e preferiu acatar as previsões de Arminda. Agora o casal tinha seis motivos de briga: duas filhas e quatro babás. As desculpas de Arminda se extinguiram. Bueno então entendeu: ela jamais mudaria, jamais conseguiria dar às filhas o amor intenso que nutria por ele. Mas não era culpa sua. Arminda fora levada a agir assim sem nunca ter conseguido fazer conexão de sua dificuldade afetiva com os próprios traumas. Parecia incapaz de ser mãe.

Ele ficou abatido, não conseguia responsabilizá-la por seu comportamento estranho. Fora ele quem insistira, apesar das manifestações contrárias, em ter filhos. Perguntou-se se as acusações outrora destinadas à mulher – de só pensar em si – se aplicaria a ele mesmo, afinal fora indiferente à negativa de Arminda frente ao desejo cego de ser pai.

Enquanto isso as meninas cresciam. Aprenderam desde cedo a contar apenas com Bueno. Arminda fazia questão de evitá-las. Parou de chantagear o marido em troca de atenção: ele já não correspondia. Quanto mais o marido se afastava dela mais Arminda odiava as filhas. Então ele deu um ultimato à mulher: ou terminaria a hostilidade materna ou o casamento.

Arminda se esforçou sobrenaturalmente, fez-se simpática na maioria das vezes. Qualquer coisa para que o marido não a deixasse. Quanto às meninas, não foi tão difícil assim: nenhuma das duas gostava da mãe e há muito não buscavam sua companhia. Apenas se toleravam – simples assim – para evitar que o pai sofresse ainda mais com a segregação familiar...

[...] continua...


04/01/2008 + 22/09/2008

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

República da bondade

Viva a república da bondade
Viva a velha farsa disfarçada

Temos que ser bons em tudo
Bom pai, mesmo distante
Bom marido, mesmo entediado
Bom vizinho, mesmo indiferente
Bom funcionário, mesmo explorado
Bom cidadão, mesmo desrespeitado

E até quando não conseguimos tal feito
Exigem que sejamos bons perdedores

Viva a república da bondade
Viva a boa e velha conveniência



19/08/2008

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Uma certa cronologia...

set/2003 ... término da faculdade [a mente saturada de tanta leitura, eu já não conseguia ler nem o nome da minha rua].

dez/2005 ... dois anos depois, a mente um pouco mais descansada fui apresentada pelo meu esposo ao 4º livro da série HP e fiquei apaixonada pelo estilo literário da J.K.[em janeiro li o 5º livro, em março li o 6º e baixei da net do 1º ao 3º exemplares até comprá-los]. Voltei, então ao que sempre foi meu hobbie favorito: ler.

fev/2006 ... ainda fascinada pelo modo como a J.K. fazia fluir um enredo tão lindo, complexo e enigmático desafiei-me a escrever uma história [àqueles que vierem a perguntar: "por que a J.K e não qualquer outro autor erudito e aclamado?", defenderei-me com outra pergunta e uma afirmação, ei-las: "acaso já leu o livro dela?" e "bem, de todos fantásticos livros que li, e não foram poucos, dentre os mais singelos como 'o pequeno príncipe' aos conceituais como 'os intelectuais e a organização da cultura', clássicos: 'os irmãos Karamasovi' ou filosóficos: 'para além do bem e do mal', nenhum autor jamais soube entrelaçar personagens com a maestria da J.K. Essa dádiva é só dela, por isso me inspirou"]. Bem, voltando à cronologia...

jun/2006 ... desesperada, descobri que escrever um livro do início ao fim é mais complicado e delicioso do que pode parecer [muito, mas muito mesmo]. E fazer com que essa história não dê sono a quem a lê, quase impossível! De uma vez por todas virei fã da J.K. [ela escreveu 7, de uma história só!] e me jurei de morte se não terminasse o que me propus.

ago/2007 ... quase pronta. Faltava revisar e fazer os primeiros capítulos.

out/2007 ... consegui! Obra finalizada, registrei-a na Biblioteca Nacional e pus-me a enviá-la às editoras....

nov/2007 ...nenhuma resposta. Minha amiga Gi e minha chefe Ana Carolina me incentivaram a fazer um blog para divulgar o livro. Não tive coragem. Publicá-lo na net parecia uma exposição das minhas intimidades.

dez/2007 ... inscrevi-me em um concurso local de contos [não ganhei nem menção honrosa, srsrsr]. Graças à insistência das duas tomei coragem e criei o facetasdemim, que divulguei entre familiares e amigos.

jan/2008 ... nenhuma resposta das editoras, pouca procura pelo blog. Abandonei-o.

ago/2008 ... tendo criado o gotasintrospectivas no mês anterior, a Gi me apresentou às comunidades de blogs do orkut. Um pouco mais animada, publiquei alguns pensamentos desordenados que vez em quando afluem à minha mente.

set/2008 ... em dez dias meu blog ultrapassou 500 leituras e alguns "insanos" dizem gostar do que escrevo...

Ainda bem que setembro é o aniversário da Gi. Eu dedico essa infinidade de números a ela [fiquei em dúvida se aqui tem crase], pelas dicas que me deu. Se quiserem conhecê-la visitem o gotasintrospectivas e divirtam-se à vontade.

Um pequeno adendo, só para esclarecer:
eu já tinha visto até o 3º filme
e até então achava a história só "legalzinha".
mas quando li os livros... putz... fiquei apaixonada!!
Nunca mais consegui largar a história...

Prisão a céu aberto

Já fui prisioneira do medo, da minha ânsia, da minha ansiedade. Já fui escrava da solidão, a necessidade de companhia e atenção em contraste com o que ousei chamar originalidade.

Escrava de quase tudo o que condenei, o falso, o cínico, o pensamento coletivo querendo determinar em e por mim o que é bom, o que é certo. Escrava da beleza [ou da idéia que faço do que venha a ser belo] por mais que a vaidade o tenha negado. Escrava do amor quando o fiz mais forte do que a minha liberdade de não-amar. Escrava de toda ideologia: a esperança adormeceu minha revolta, a bondade fez de mim um animal domesticado, a crença atribuiu ao místico o poder que carrego em mim de transformar o mundo.

Desafiei-me a libertar-me de tudo o que me prende e o mais difícil tem sido ignorar a verdade, a razão e a minha própria vaidade. O caminho está sendo longo mas não sou daquelas que desiste fácil. Já consegui me libertar de outras algemas e ainda hei de me olhar no espelho e ver o reflexo de uma pessoa livre. Autêntica, de fato.

Porque já percebi: fomentar a vaidade alheia é uma forma pacífica de manipulação. Mas pior do que ser manipulado é ignorar que a manipulação exista. Talvez, só de reconhecer isso eu já tenha dado um passo [inicial e decisivo] para longe da minha própria inércia.

outro adendo:
minha pior prisão?
aquela onde a porta sempre esteve aberta
mas eu nunca fui capaz de atravessá-la...
minha pior liberdade?
um mundo de portas abertas
onde não me reste nada além do que seguir adiante.

17/09/2008

domingo, 14 de setembro de 2008

A verdade e a vaidade

A verdade é uma velha amiga da vaidade. Muito útil, quando a nosso favor. Muita verdade, é uma armadilha. Toda verdade, é um ponto de vista. Toda a verdade, é uma utopia.

A verdade é sedutora, se somos nós a ter razão. E razão é como bunda. Cada pessoa tem a sua (graças a Deus!) e quanto maior e mais firme mais beleza aparenta. A razão é como dinheiro. Se não temos a gente disfarça. Se temos, que o mundo o saiba. Se não souber, a gente demonstra. Porque toda razão é um triunfo. E muita razão, um esconderijo. A razão é relativa, um pedaço, do todo, da verdade. Um simples conceito que nutre e conforta a nossa vaidade.

Pobres daqueles caçadores da verdade que andam em círculos procuram o óbvio e pensam que ter verdade é ter razão. Palmas à barbárie da vaidade. À super-importância de si mesmo e na busca incessante da razão quem sabe descobriremos por que a anuência e o coro de vozes alheias exercem tanto poder sobre nossos anseios.

Talvez a razão seja para os outros. Talvez a verdade seja para nós. Tanto faz para mim (mas não para a minha vaidade). Que sabe, a razão e a verdade não deixam de ser uma forma de domínio.

28/08/08

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Re: "o estardalhaço"

Aproveitando o excelente questionamento feito pelo Rafael Franco, em visita ao post “O estardalhaço”:

Rafael Franco disse...
Blogar, é de certa maneira ouvir música sem fone de ouvido, não acha?
11 de Setembro de 2008 20:30

Pois bem, ele me pôs a pensar, pensar... [sabe, eu adoro isso!!!]

Se levarmos em consideração o desejo de ser lido [holofote], talvez blogar possa ser considerado ouvir música sem fone de ouvido...

Mas será mesmo??

Até porque quem não quer ser lido não publica seus textos na internet, os queima...

Mas será mesmo??

Meu blog não incomoda ninguém... não invade o espaço de ninguém, não é mais lido que o blog de ninguém... só o lê quem quer ler (mesmo que seja para não ser expulso da comunidade do Orkut)... As pessoas têm que digitar o endereço, esperar a página carregar, clicar no link comentários, enfim...

Não, não eu não acho que seja a mesma coisa.

Concordo quando o Rafael dá a entender que todos temos alguma necessidade de holofote. Isso é mais do que natural.

O que torna a coisa estranha é alguém achar que sua luz para brilhar tem necessariamente que apagar todas as outras...

11/09/2008

Selo Prêmio Dardos

Recebi 3 selos do prêmio Dardos do blog algunstrintaanos, blog da karina e festa das cores. Fiquei muito lisonjeada, pois só estou há uma semana fazendo intercâmbio entre os blogs do orkut e nem sei se mereço tal indicação... Agradeço a todos por essa gentileza...


Este selo possui algumas regras:

1. Aceitar exibir a imagem do selo no seu blog e cumprir as regras.
2. “Linkar” o blog do qual recebeu o prêmio.
3. Escolher 15 blogs para entregar o prêmio.

Caramba, vai ser difícil... tem muitos blogs que acompanho sempre... mas vamos lá:

1. [ gotas introspectivas da GI ]
2. [ blog da karina ]
3. [ blog do cleidemar ]
4. [ sobre fatalismos ]
5. [ euforia melancolica ]
6. [ patricia heidel ]
7. [ desnudamento interno ]
8. [ saco de filo ]
9. [ clarice lispector ]
10. [ mukypho ]
11. [ nascida em versos ]
12. [ falando de lingua ]
13. [ danii lopes ]
14. [ marina e clara ]
15. [ mais prosa do que verso ]
11/09/2008

sábado, 6 de setembro de 2008

O estardalhaço

Ouvir funk ou pertencer a determinadas religiões hoje em dia, apesar de todo estardalhaço, não passa de uma atitude afirmativa. O próprio estardalhaço me obriga a chegar a essa conclusão.

Em plena era digital, de aparelhos moderníssimos de alta tecnologia não basta ao sujeito ouvir no fone de ouvido a música que lhe agrada (o que, aliás, é um direito seu), é preciso tocar no auto-falante, todos têm que ouvir junto e saber o que tal sujeito gosta.

Em um gesto egoísta eu até poderia argumentar que tal atitude é “incômoda” a quem está perto mas incomodar é o que há de mais superficial nessa atitude.

As pessoas todo o tempo se acotovelam umas às outras para chamar a atenção. Alguns, pensando buscar Deus, se enganam, fazem das ruas um grande teatro e no apagar das luzes esses pobres artistas não vislumbram nada além de aplausos. Eis aí todo o sentido de uma existência vazia, preenchida pelo eco acústico da apreciação alheia. Porque alguns pensam estar buscando Deus mas tudo o que buscam são holofotes para suas verdades.

Porque razão até o louco tem
É é preciso ter cada vez mais
Razão
Verdade
Loucura

Meras desculpas, mero artifício, pra calar a voz da nossa própria miséria.


06/09/2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Hélices e marquises

Vi um homem que não tinha casa, morava num cubículo cujas dimensões minúsculas não podiam ser maiores do que 2m x 1,5m. A porta, estreita, só abria para fora. E o homem passava quase todo o dia sentado à porta aberta num banquinho com hélices de ventilador na mão. É que o tal cubículo também era um depósito de ventiladores quebrados e peças. Ao que parece o conserto desses aparelhos era sua principal fonte de renda. Não sei como a física permitia tantas coisas ocupando o mesmo espaço, mas ele não reclamava, pelo contrário, dava graças a Deus por ter onde guardar suas hélices e motores.

Eu, intrigada, me perguntava se de fato ele conseguia dormir naquele espaço tão pequeno, sem ventilação, frio e desconfortável. O desconforto em que vivia aquele homem me incomodava diariamente, durante, pelo menos, os quinze segundos em que me deparava com ele.

Pois uma noite, voltando para casa, vi o sujeito preparando a coberta debaixo da marquise e me perguntei: o que leva uma pessoa a abrir mão da própria proteção em nome da segurança de hélices e motores? Percebi de súbito a esperteza do homem e minha hipocrisia. Afinal, quem iria querer dormir numa cela solitária se mesmo os presidiários em cárceres superlotados fogem dela? Até porque tal homem, tão sábio, sabe que sua vida não vale nada exceto para si próprio, mas suas peças... vocês sabem...

Algum desocupado inventou que o trabalho dignifica o homem.
O mais triste de tudo é que aquele homem tenha acreditado.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A cadeia alimentar

Nas relações humanas as pessoas que são fracas, quando percebem a própria fraqueza (ou reconhecem a superioridade do outro) tendem a camuflar a própria imagem (ou seria opinião?) a fim de manter-se viva (atuante) no meio social. Tornou-se uma característica humana a auto-preservação diante do “predador".

Mesmo as pessoas mais fortes, mesmo as personalidades mais firmes, em algum momento vacilam diante daquele que pode “devorá-lo”. E mesmo no topo dessa “cadeia alimentar”, quando aparentemente não há um predador a temer, a própria natureza (o tempo ou disputas pelo poder) se encarrega do ônus de manter o equilíbrio entre as espécies.

Percebe-se que quanto mais baixa for a posição da pessoa na cadeia alimentar mais necessidade de camuflagem essa pessoa terá.

Percebe-se que a posição de cada um na “cadeia alimentar” está diretamente ligada à auto-percepção em relação ao outro com o qual se relaciona e varia se a pessoa se julga em posição de igualdade, superioridade ou indiferença.

A indiferença fere mais que a inferioridade porque a indiferença significa total ausência de valor. É, para o ser humano, a pior de todas as formas de relação, porque ser superior ou inferior é normal, porque o inferior só é menos em relação ao outro enquanto o indiferente não é nada. E todos sem exceção desejam ser algo, todos, sem exceção, desejam reconhecimento.

O que há por trás de reconhecimento? O sentimento de importância. O que há por trás do sentimento de importância? A elevação de si mesmo na “cadeia alimentar”, ou seja, a agradável (e perigosa) sensação de superioridade, ou, como bem definiu Nietzsche, nossa “vontade de potência”. Mas seria um crime hediondo resumir Nietzsche no final do sexto parágrafo. Nietzsche merece uma discussão à parte.

Muitos são obcecados pelo “topo da cadeia” e nesse sentido a superioridade é uma armadilha porque pior que o predador imediato é a natureza quando reclama sua justiça.

Nunca, em momento algum fomos capazes de tirar a venda dos olhos, olhar nossa própria camuflagem e reconhecer que graças a ela estamos sobrevivendo. A camuflagem pode ser útil em momentos vitais. Perigo há em usá-la em excesso, fazer da camuflagem nosso rosto, esquecer quem de fato nós somos para nos reduzirmos a “algo” (superior, inferior ou indiferente) que só tem sentido em relação a alguém. Por que a camuflagem nada mais é do que uma atitude relacional.

Em momento algum paramos para refletir sobre os usos que fazemos dessa camuflagem. Perdemos a capacidade de nos perguntar o por quê de nossas atitudes. Vivemos uma vida meramente reativa, quase irracional.

A gente, para se achar importante, se pensa civilizado e não percebe, não quer perceber, que toda cidade (enquanto organização humana) não passa de uma selva de concreto. Por que no fundo nunca foi uma questão de ONDE estamos mas QUEM realmente fomos, somos ou desejamos ser.

Sejam bem-vindos ao facetas!

................TODOS OS TEXTOS DESSE BLOG SÃO AUTORAIS............

Resolvi utilizar este espaço para divulgação de trechos de alguns trabalhos meus... Espero que vocês apreciem. Críticas e comentários serão muito bem-vindos, sobretudo críticas!

Se você já leu o texto acima não fique tímido: fique à vontade para comentar em outras postagens!