quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Oba-oba, Obama!

Comentário postado no blog Te dizer, no post: "qual é a sua cor?"

Tenho meus receios de que ao invés da eleição de Obama contribuir para a erradicação do racismo contribua para a falsa premissa de que pelos EUA terem elegido um presidente negro o racismo já acabou. O racismo é um mal que cresce para dentro e tem raízes profundas.

Fazer justiça a um único homem não resolve o problema de milhares. E cá entre nós, essa babação jornalística está dando no saco!

Até porque a mesmíssima televisão que em suas célebres novelas só põe negros para fazerem papeis secundários, geralmente de empregada ou porteiro, é a mesma que agora adula a "grande mudança"...

[09/11/2008]

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Página virada

Idéia surgida ao comentar há algum tempo no post Escritas da vida,

Na vida é preciso virar páginas. É triste ver pessoas cuja leitura já acabou e apesar disso não conseguem fechar o livro. Apegam-se a qualquer resquício de palavras como se fosse toda a história. Não vivem nem deixam viver. Se esquecem de que são protagonistas do próprio enredo, preferem, por comodismo, pôr-se em papel de coadjuvante.

Esperam por tudo: amor, perdão, reconhecimento, salvação... Como se a toda alegria do mundo estivesse concentrada naquilo que se foi - quando na verdade somos nós que concentramos [ou não] a alegria no que quer que seja.

Acho triste ver tantos desperdiçando a própria energia transferindo para os outros o poder de curar os seus fantasmas. Quando deixarão de ter medo do escuro? Quando se lembrarão de que trevas e luz se complementam? Um não existe sem o outro... [um não tem sentido sem o outro] Ou será que estou enganada?

Na vida é preciso virar páginas, às vezes, até mudar de livro!

Espero que 2009 seja um ano de páginas viradas!
Espero que os fantasmas alheios nos deixem dormir... ZZz...

[Como informação complementar posso recomendar que aprendam o feitiço do patrono.
Ah! E chocolate costuma fazer muito bem em casos de TPM e ataque de dementadores...]

sábado, 17 de janeiro de 2009

Eufemismos [o caso Leozinho]

Leozinho só queria atenção. Dizia-se crítico. Falava gritando. Tudo o que ele queria era externar o que achava que sabia. Tudo o que desejava ser era o oposto do que demonstrava.

Porque Leozinho não era "inteligente", não era "legal" [nem crítico de verdade, para ser honesto]. E a despeito de todo o seu esforço a única coisa conseguia ser era um "chato". Tudo isso [e nada mais].

De certo modo era até desrespeitoso e o poder que ele julgava ter em suas palavras grosseiras, em sua brincadeira de dono da razão, era uma máscara para esconder sua grande carência. Muitos tinham até medo de suas rudes palavras, sua agressividade gratuita. Não viam, não sabiam ver, que cada xingamento seu era no fundo um pedido de socorro.

Nem Leozinho se entendia às vezes. E enchia a si próprio de eufemismos: à sua falta de educação chamava "liberdade de expressão", à sua necessidade de holofotes chamava "razão crítica".

Pobre Leozinho. Adotou para si o lema: "falem mal mas falem de mim" mas terminava se envolvendo em brigas sempre que diziam qualquer coisa a seu respeito [em geral não eram elogios]. Vivia em busca de verdades, achava-se no direito de ser dono delas. E quanto mais ele buscava provar-se superior ainda mais nítido seu complexo de inferioridade se revelava.

Sempre que o vejo lembro-me do trecho de uma música do Zeca Baleiro: "mesmo o mais sozinho nunca está só, sempre haverá um idiota ao redor..." Sei não. No caso de Leozinho já é ele o idiota [outro eufemismo - se querem mesmo saber]...

Com todo respeito à sagaz percepção do ilustre Zequinha, mas [por educação] talvez seja melhor eu recorrer a outras frases...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Transtorno pronominal [o caso reto]

Dedico esta série Gramaticando ao meu irmão mais velho.
Espero que haja alguma clareza nos meus textos
para que o auxiliem em sua batalha contra a gramática.


Era um dia comum como [quase] todos os outros. Aurora havia acabado de retornar à casa depois de mais um cansativo dia de trabalho. Estava ainda na entrada do prédio quando Jairzinho, vizinho de mesma idade que seu filho Roberto, desceu as escadas em direção à rua.

- Tia, posso brincar na sua casa? - perguntou Jairzinho trocando olhares com o amigo, já dando meia-volta e acompanhando Aurora e Roberto de volta às escadas.

- Acho que você deveria avisar a sua mãe antes.

- Ela já sabe!

- Sabe nada, Jair! - disse em tom brincalhão mas claramente repreensivo. Ele sorriu um sorriso sapeca que por si só parecia gritar: estou mentindo.

- Façamos o seguinte: a tia entra primeiro, guarda as bolsas e depois que o Betinho estiver de banho tomado pedirei para ir te chamar, está bem assim?

- 'Tá bom, tia!

Banho tomado, lanche também, dever de casa feito, eis que Aurora permite que Roberto vá chamar Jairzinho.

No meio da brincadeira Jairzinho se aborrece com uma divisão [na sua opinião] injusta dos carrinhos. Isso porque, tendo dois, Roberto deu um para cada e Jairzinho queria todos.

- Mãe, o Jairzinho quer ir embora...

- Ok. Eu o levarei em casa.

Mas Roberto, preocupado com a impaciência do amigo, adiantou-se à porta e começou a girar a chave.

- Roberto! Você escutou o que acabei de falar?

- Escutei, mãe: "vamos levá-lo em casa"!

- VAMOS? Não disse "vamos", disse que "EU" o levaria em casa! "Eu" e não "nós"!

- Então, mãe: EU-ROBERTO!

- Nãão... EU-AURORA!

- A senhora é "você", mamãezinha... "EU" sou EU mesmo: R-O-B-E-R-T-O!

Aurora respirou fundo. Impossível explicar a uma criança tão pequena todas as relatividades dos pronomes pessoais do caso reto...

A essa altura Jairzinho já havia se esquecido de que queria ir embora. A briga pelos dois carrinhos era assunto do passado, agora estava de volta ao quarto montando as primeiras peças do joguinho de quebra-cabeça.

Raros minutos de silêncio se passaram.

[...]

Então:

- 'Bétô', onde encaixo esse?

Roberto adiantou-se e encaixou a peça no local correto. Jairzinho cruzou os braços com uma expressão profundamente ressentida. Levantou-se num pulo:

- Seu sem-graça! - vociferou indignado - Era para EU montar...

- Eu-Roberto?

- ARGH!!!! - e Jairzinho saiu pisando fundo pela porta afora [tão rápido que] nem deu tempo de Aurora alcançá-lo. Roberto, no entanto, em sua confusão pronominal, jamais soube como aborrecera o amigo...

- Eu, heim!

Aurora, embora tentasse explicar, quase sempre perdoava a falta de entendimento das crianças por elas pouco saberem de gramática. O estranho é que muitos conhecidos seus, já sendo adultos, tinham a mesma dificuldade de Roberto para relativizar o eu...


terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Versos cirúrgicos

A poesia
é um bálsamo
à alma
à estética
perfeita harmonia
entre ritmo e sentido.

Reduzi-la
a um simples jogo-de-palavras
rimas baratas
e prosas disfarçadas de versos
[passionalmente esquartejadas]
é, antes de mais nada,
uma ofensa à arte!

A poesia
é beleza,
riqueza,
intensidade,
técnica,
lirismo,
criatividade...

De modo que mais agrada uma prosa poética do que

poesias
cirúrgicas
de
palavras

re-
men-
da-
das.

Salvem a poesia! - ela está no CTI e toda hora surge um louco prestes a praticar a eutanásia!

Todo
esse
texto
prosaico
foi
propositalmente
dividido
para
demonstrar
como
é
possível
destruir
a
alma
poética
se
a
reduzirmos
a
um
mero
remendo
de
versos.

Afinal, poesia também é estética!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Selo A-D-O-R-O o seu blog!

Recebi este selo do Arthur do blog Paranóia e Lucidez.... Fiquei tão feliz com o selo quanto tanto com a dedicatória escrita por ele! Agradeço ao Arthur por mais esta gentileza!





Quem já frequenta este espaço sabe bem da minha política de não repetir indicados. Sendo assim, esse selo vai para o blog Falando de Língua do Marcelo Leite. Dele eu só conhecia o Saco de Filó mas recentemente fui apresentada ao Falando de Língua e fiquei encantada com o espaço [principalmente pelo assunto que aborda: LINGUAGEM - um tema que eu amo demais!].

Meus sinceros parabéns ao Marcelo [se é que o trabalho dele ainda precisa de elogios, rs].

06/01/2009

Sejam bem-vindos ao facetas!

................TODOS OS TEXTOS DESSE BLOG SÃO AUTORAIS............

Resolvi utilizar este espaço para divulgação de trechos de alguns trabalhos meus... Espero que vocês apreciem. Críticas e comentários serão muito bem-vindos, sobretudo críticas!

Se você já leu o texto acima não fique tímido: fique à vontade para comentar em outras postagens!