Leozinho só queria atenção. Dizia-se crítico. Falava gritando. Tudo o que ele queria era externar o que achava que sabia. Tudo o que desejava ser era o oposto do que demonstrava.
Porque Leozinho não era "inteligente", não era "legal" [nem crítico de verdade, para ser honesto]. E a despeito de todo o seu esforço a única coisa conseguia ser era um "chato". Tudo isso [e nada mais].
De certo modo era até desrespeitoso e o poder que ele julgava ter em suas palavras grosseiras, em sua brincadeira de dono da razão, era uma máscara para esconder sua grande carência. Muitos tinham até medo de suas rudes palavras, sua agressividade gratuita. Não viam, não sabiam ver, que cada xingamento seu era no fundo um pedido de socorro.
Nem Leozinho se entendia às vezes. E enchia a si próprio de eufemismos: à sua falta de educação chamava "liberdade de expressão", à sua necessidade de holofotes chamava "razão crítica".
Pobre Leozinho. Adotou para si o lema: "falem mal mas falem de mim" mas terminava se envolvendo em brigas sempre que diziam qualquer coisa a seu respeito [em geral não eram elogios]. Vivia em busca de verdades, achava-se no direito de ser dono delas. E quanto mais ele buscava provar-se superior ainda mais nítido seu complexo de inferioridade se revelava.
Sempre que o vejo lembro-me do trecho de uma música do Zeca Baleiro: "m
esmo o mais sozinho nunca está só, sempre haverá um idiota ao redor..." Sei não. No caso de Leozinho já é ele o idiota [outro eufemismo - se querem mesmo saber]...
Com todo respeito à sagaz percepção do ilustre Zequinha, mas [por educação] talvez seja melhor eu recorrer a outras frases...