"'Pessoas como eu’? Pessoas que foram tiradas de algum lugar para serem livremente obrigados a morarem em um conjunto habitacional, onde só se vê gente por todos os lados. Gente sem perspectiva, sem esperança, sem trabalho, sem orgulho, sem transporte, sem diversão.
Pessoas como eu não existem para os governos. Pessoas como eu têm que viajar em ônibus atrasados, gozando da maravilha de se equilibrarem espremidas dentro de ônibus mal-conservados que enguiçam sempre.
Pessoas como eu têm a liberdade de só poderem seguir a única avenida que liga a zona oeste à cidade, por isso sempre engarrafada. Das seis às dez da manhã, das cincos às oito da noite o engarrafamento é certo e ninguém vê isso, nem PREFEITOS, nem GOVERNADORES e nem PRESIDENTES.
Gente como eu enxerga que os prefeitos e governadores, já ligaram a zona sul aos principais pontos de saída do Rio de Janeiro, através dos túneis Santa Bárbara e Rebouças, ligando a Ponte Rio Niterói, a linha vermelha, que por sinal liga ao Aeroporto Internacional, à Rod. Washington Luís e a Rod. Pres. Dutra. A Barra e o Recreio, também têm a linha, só a zona oeste não pode se ligar com nada, pois os prefeitos não querem.
Não vemos os prefeitos e governadores falando em ligar a zona oeste ao centro através da duplicação da Av. BRASIL, seja através de um corredor exclusivo para ônibus, seja de qualquer outro modo mirabolante. Isso, gente como eu não ouve falar.
Gente como eu conhece centenas de pessoas que perderam seus empregos por chegarem atrasados devido a problemas de transporte e milhares de pessoas que não arrumam empregos por morarem onde moram. Vêem seus (nossos) filhos caminhando para o tráfico, caminhando para os bailes FUNKS, onde aprendem coisas que só deveriam aprender bem mais tarde, danças ERÓTICAS, desrespeito ao sexo feminino [isso nem deveria ser ensinado!] e muitos palavrões bem pesados. Gente como eu está cansada de ver pessoas que perderam seus empregos, pessoas que não arrumam empregos, se envolvendo com o “TRÁFICO”.
E depois reclamam que há muitos bandidos. Dêem-lhes empregos e aí não haverá mais bandidos, dêem-lhes um bom transportes em vias livres, e não haverá mais bandidos.
Gente como EU só entram em estatísticas de crime. INFELIZMENTE.
Desculpe a INTROMISSÃO."
[re-]escrito por
EU, G. Rodrigues.
(meu paizito, que orgulho!!!)
[P.S.: eu, Ellen, particularmente acredito que a questão da bandidagem vá um pouco além da carência de empregos e transportes, falta de assistência e tudo o mais. Penso que apesar de grande mortandade a que ficam sujeitos seus integrantes, o real atrativo do tráfico, além da questão financeira em si, está direta e principalmente ligado ao ideário de poder, respeito e status - ainda que o tema me pareça bastante complexo para ser reduzido a esse módico jogo de palavras]