Não desenhei meu sapato, carro, roupas. Não escolhi meu nome, chefe, aniversário. Não decidi a cor da minha pele ou se deveria chover segunda ou sábado. Muitos me dirão que escolhi outras coisas [não discordo], mas se não pude escolher tudo minha liberdade não é completa, é relativa.
Dentre as inúmeras escolhas que fiz, a maioria esteve condicionada ao extrato do banco. E assim como para os desesperados vende-se a fé eu consumo fajutos projetos de marketing destinado a projetos fajutos de pessoas [e o prazer está cada vez mais vinculado ao limite do cartão de crédito!]. Comprar não me satisfaz porque compro o que posso, nem sempre o que quero, e embora existam atividades que eu goste de fazer [faça por amor] nenhuma delas paga minhas contas.
O meu sonho é só meu. O meu talento é de quem o reconhece. Sinto-me como uma vírgula no meio da frase. Pequena pausa, mera interrupção entre o que já havia e o que virá (e não cabe a mim delinear a um nem ao outro).
A democracia como forma de governo não existe. E se existe, não perdura. É puro idealismo, ingenuidade de acreditar que todos os homens algum dia se tratarão como iguais.
A real liberdade? Em nossa sociedade capitalista a única que realmente existe é a financeira. O resto é mediocridade [ou ideologia].